Técnica pode consertar falha genética que leva à infertilidade

Esperma humano no momento da penetração no óvulo - Don W. Fawcett / Don W. Fawcett

Esperma humano no momento da penetração no óvulo – Don W. Fawcett / Don W. Fawcett

RIO- Um estudo desenvolvido por pesquisadores do Instituto Francis Crick, na Inglaterra, deu um passo importante rumo ao tratamento de infertilidade: os cientistas desenvolveram uma técnica capaz de eliminar o cromossomo extra presente nas células de alguns homens e que inviabilizam a reprodução.

Embora tenha sido realizado com camundongos, a expectativa é que o método, caso seja bem sucedido em humanos, possa auxiliar homens com síndrome de Klinefelter (na qual há um cromossomo X extra) e síndrome do Duplo Y a terem filhos por meio de reprodução assistida.

A pesquisa, publicada na revista “Science”, explica que, na maioria dos casos, homens e mulheres têm dois cromossomos que determinam seus sexos. Cromossomos XX no caso delas e XY, no deles. No entanto, um em cada 500 homens nascem com um cromossomo extra, seja X ou Y, que os torna inférteis.

Durante o experimento, os cientistas coletaram amostras do tecido conjuntivo da orelha de camundongos e, a partir daí, retiraram células específicas desse tecido, chamadas fibroblastos. O segundo passo foi transformar os fibroblastos em células-tronco. Nesse momento, os cientistas notaram que algumas células perdiam o cromossomo extra causador da infertilidade. Assim, induziram essas células-tronco sem o cromossomo extra a, a partir de estímulos químicos, se diferenciarem em células que pudessem originar espermas.

As células produzidas a partir desse experimento se tornaram espermas maduros após serem implementadas nos testículos de outro camundongo e foram utilizadas em uma reprodução assistida. O método foi um sucesso e os cientistas conseguiram gerar descendentes de camundongos originalmente inférteis.

— Nossa abordagem nos permitiu criar descendentes de camundongos estéreis XXY e XYY. Seria interessante ver se a mesma abordagem poderia ser usada como tratamento de fertilidade para homens — diz Takayuki Hirota, pesquisador do Instituto Francis Crick.

ANÁLISE EM HUMANOS

Os pesquisadores também fizeram a mesma análise de maneira preliminar utilizando fibroblastos humanos com síndrome de Klinefelter e constaram que elas também deixavam de apresentar o cromossomo extra. Apesar dos bons resultados, a técnica ainda precisa ser aprimorada. Segundo os cientistas, é necessário descobrir mecanismos para desenvolver espermas maduros sem que seja necessária a aplicação das células em um camundongo hospedeiro.

— Atualmente não há como fazer esperma maduro fora do corpo. Nas nossas experiências com os camundongos tivemos de injetar nos testículos as células com potencial para se tornarem sêmen, mas descobrimos que isso causou tumores em alguns animais — conta James Turner, também do Instituto Francis Crick. — Precisamos reduzir o risco de formação de tumor ou descobrir uma maneira de produzir esperma em tubo de ensaio.

 

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