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Percepção da fome

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Por Erika Checon Romano

Quando não podemos mudar a circunstância, podemos mudar o jeito de olhar para ela. Nessa semana ouvi uma frase singela da banqueteira Neka  Menna Barreto, que dizia: “eu amo sentir fome, pois fico bem humorada e faço tudo melhor, porque sei que está na hora de comer coisas maravilhosas”.

Gostaria que você, leitor, pensasse na sua sensação quando sente fome. Você tenta enganar a fome com modismos, tipo tomar água, ou respeita sua vontade e programa uma refeição agradável?

Considera que a fome é uma sensação fisiológica ou uma “gula” estigmatizada como sem vergonhice? Você se permite sentir fome? Você tem gosto pelo gosto?

A percepção dos seus sinais fisiológicos com o autoconhecimento das variações e sensações do seu corpo poderão fazê-lo entrar em sintonia com ele, encerrando uma batalha árdua e sem vitoriosos que é fazer dieta a qualquer custo. Busque prazer e permita-se comer sem culpa. A possibilidade de escolha não leva a exageros, mas sim à real percepção sobre o que você tem fome e precisa naquele momento de cuidado consigo mesmo.

Bom apetite!

Fonte: Blog  – Grupo Especializado em Nutrição em Transtornos Alimentares

De bela a fera em poucos anos

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Por Marcela Salim Kotait, nutricionista

Dos assuntos que me fascinam, sem dúvida “ditadura” ou padrão de beleza está nos mais mais da minha lista.

A curiosidade em torno do tema faz com que eu pesquise sobre a mulher, o feminino, o feminismo, o papel da mulher na sociedade, entre outros…

Decidi escrever sobre esse assunto pois, como nutricionista, acho que é nosso papel dialogar sobre e empoderar nossas pacientes em suas relações com seus corpos.

Pois bem, me permito explicar resumidamente sobre a mudança que o corpo desejado de mulher passou ao longo dos anos:

Na pré história, curvas excessivas significavam fortuna, pequenos amuletos de mulheres com medidas desproporcionais de seios, barriga e coxas eram carregados para cima e para baixo por homens que buscavam proteção, além de sorte e fortuna. Ainda há muito tempo, na antiguidade, o corpo ideal era bem diferente do rechonchudo pré histórico: com as competições esportivas, corpos musculosos e definidos eram corriqueiramente retratados em estátuas e outras representações.

Na idade média, mais uma grande mudança: face corada, corpo curvilíneo e uma barriguinha saliente eram o modelo. A Vênus era sempre representada de maneira vaidosa e graciosa em quadros da época.

Avançando bastante pelos anos, com o fim da primeira guerra mundial, no anos 1920, muitas mulheres, após terem seus maridos mortos em combate ou incapazes de voltar ao mercado de trabalho, assumem uma postura nova, que demandava um visual mais masculino, corpos longilíneos e magros, além de optarem por cabelos curtos.

Os anos 1940 e 50 foram dominados por Marilyn Monroe. Quem não conhece a loira que deixou os estúdios de Hollywood de pernas pro ar? Linda e sedutora, usava sua sensualidade e curvas acentuadas como grande atrativo. Uma curiosidade: os estúdios americanos aumentavam as medidas da loira, enquanto os costureiros juravam de pés juntos que alguns centímetros divulgados não eram reais.

Uma década depois, em 1960, a modelo Twiggy surge e traz consigo um visual muito diferente do conhecido até então: extremamente magra, jeitão andrógeno, cílios com muito rímel e pose blasé.

Chegam então os anos 1980 e 1990, a era das supermodelos: Linda Evangelista, Cindy Crawford, Claudia Schiffer são algumas das mais conhecidas. Não deixe de assistir a esse clipe do cantor George Michael, da música “Freedom” (veja aquie veja como essas mulheres eram mesmo maravilhosas.

Nos não muito distantes anos 2000 temos o ícone máximo da moda mundial: Gisele Bündchen, a modelo mais bem paga do mundo, dispensa apresentações. Quem não se lembra da “barriga negativa” da Gisele? Dos cabelos lisos com cachos nas pontas loiras, queimadas de sol? A simetria alardeada pela mídia de seu rosto?

Para encerrar, chegamos aos anos 2010. E vivemos atualmente um novo padrão: o da mulher fitness. A crença de que podemos moldar nossos corpos com ajuda de suplementos e academia faz com que muitas arrisquem-se com dietas malucas e exercícios físicos exagerados para terem o corpo parecido com o de mulheres extremamente fortes com pouquíssima gordura que dominam a cena. Ou, no caso da conhecida socialite americana, Kim Kardashian, um bumbum desproporcional em relação ao resto do corpo é modelo para muitas meninas.

O que quero expor é a volatilidade do padrão, da regra, da norma, do modelo, do ideal. Penso em mulheres mais velhas, que durante a vida viram quatro ou cinco tipos corporais completamente diferentes serem enfiados goela abaixo pela TV, revistas e internet como ideais para todas. Questiono então se é possível continuarmos a pautar a beleza como algo único e exclusivo de um determinado biotipo, fincado numa modelo/celebridade/artista/famosa ditando qual o corte de cabelo devemos ter ou qual circunferência de cintura é mais bonita.

Questiono se não estamos indo na contra mão da saúde e se sempre fomos.

Questiono se não devemos ensinar às meninas, cada vez mais insatisfeitas com seus corpos, a se amarem.

Questiono se existe somente um tipo de beleza.

E, por fim, peço que faça uma reflexão íntima e verdadeira sobre sua relação com seu corpo. O que você faz para amá-lo mais? O que faz para tornar sua relação com ele melhor? Até quando buscaremos por modelos e padrões inalcançáveis de beleza?

Fonte: Blog – Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

Vida de cobaia

vida de cobaia

Por Érika Checon Romano, nutricionista

Nessa semana, li uma matéria interessante falando sobre “vida de cobaia”, cujas pessoas envolvidas colocavam o corpo à disposição da ciência para testar novos medicamentos, quer para buscar a própria saúde, ou dinheiro ou o progresso da humanidade. Cada país tem suas regras e sabe-se que esse caminho obscuro pode trazer efeitos bons ou ruins, com a possibilidade de sequelas para a vida toda.

A matéria decorre, mostrando alguns efeitos graves que voluntários sofreram, e nessa hora não tive como não associar com as dietas da moda.  Quando você aceita fazer qualquer dieta, entrando nesses “classificados da pseudociência do emagrecimento”, está testando seu corpo com falsos milagres nutricionais, hora retirando carboidratos, hora aumentando proteína, hora limitando glúten ou lactose sem necessidade. Cada mês uma regra nova, ditada pela bilionária indústria do emagrecimento,  seguida por um exército de voluntários inconscientes que testam em seus corpos novas formas indiscriminadas de perder peso. Nesses casos, as sequelas também podem ser muito graves e para uma vida inteira. Cuidado.

Então, antes de seguir rigidamente regras impostas por alguém que nem sequer conhece você, antes de permitir que outros ditem o que você pode por em seu prato, olhe para si. Conecte-se com o que você quer e a real importância que sua saúde tem. Não seja mais um número para engrossar as cobaias à procura de uma recompensa que nunca vai chegar: uma perda de peso saudável e possível de ser mantida através das dietas da moda.

Fonte: GENTA – Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

A vida é bela

a vida é bela

Por Ester Soares Paulino, nutricionista

Começou na sexta à noite.

Recebo a mensagem da clínica onde trabalho: paciente, 13 anos, ideação suicida, uso excessivo de laxantes, grave restrição alimentar.

Eu respondo: estarei na clínica logo pela manhã, antes do café, para avaliação.

Chego bem cedo. 07:00. Leio o prontuário. Triste. Porém, a vida ali retratada. Triste.

Após o café da manhã da paciente (1/2 copo de suco de laranja), me encaminho para conversarmos.

“Odeio meu corpo, sei tudo sobre calorias, peso é a coisa mais importante da minha vida”. Ela tem 13 anos!

Bem, este post não será mais um triste relato de uma adolescente com graves problemas com alimentação e uma importante distorção da imagem corporal. Afinal, o título diz: a vida é bela.

E foi este acontecimento que me levou à reflexão naquele sábado ensolarado . Tão lindo. Outono.

Sol, ventinho mais gelado. Lindo.

No caminho para casa, ouvindo rádio, o repórter chama a próxima atração: gordices! Ele fala de um brownie delicioso. Envio uma mensagem para a rádio: por que não trocar gordices por delícias? Quis comer o brownie.

Taí, talvez nossa luta cotidiana, nutricionista. Ver, ouvir criticamente o que nos oferecem. Debater, confrontar e lutar contra o terrorismo nutricional do dia a dia. Talvez oferecendo uma vida menos complicada, menos meninas e meninos de 13 anos tenham que se preocupar tanto com o peso e a comida.

Quantas coisas importantes temos que pensar em nossas vidas. Tantas coisas lindas  ou nem tantas, para serem vistas, vividas. E alimentação é só mais uma delas.  Como disse sabiamente Ellyn Satter sobre o “comer normal”, num texto que adoro (traduzido livremente): “a alimentação é só uma das coisas importantes de nossas vidas, entre tantas outras.”

Leia:

Your Child’s Weight: Helping Without Harming  – Ellyn Satter

Fonte: GENTA – Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

Questionar

 

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Por Priscila Koritar, nutricionista

Outro dia estava passeando num shopping em São Paulo e me deparei com essa vitrine numa loja voltada para o público feminino. Foi impossível não me chocar!!!

Comecei a pensar em que momento isso se tornou um modelo na nossa cultura? Como pudemos deixar as coisas chegarem nesse ponto? O quanto esse modelo causa de impacto na nossa sociedade? Quem ganha com esse modelo? Qual é o preço que pagamos com nossas vidas para chegarmos o mais perto possível desse modelo? Será que é apenas o dinheiro despendido para aquisição de uma peça de roupa ou envolve insatisfação corporal, desejo de emagrecer, prática de dieta, culpa por comer?

Não pude deixar de me preocupar com as crianças e adolescentes que crescem desde cedo tão expostas a esse padrão de beleza tão inatingível e muito possivelmente distante do saudável e com as mulheres que assim como modelos querem ser desejadas – muitas vezes na tentativa de serem amadas e valorizadas.

Diante da força de quem ganha com isso muitas vezes nos sentimos impotentes, mas sei que temos um papel fundamental e um compromisso ético e profissional com nossos pacientes e clientes: questionar, ponderar e discutir!

Fonte: GENTA – Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

O significado dos alimentos

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Por Érika Romano, nutricionista

Outro dia me questionei: em todos esses anos de consultório, nunca uma paciente me disse que tinha sonhado com uma salada divina de folhas frescas e legumes tenros. E me pergunto: por que não? Tem coisa mais gostosa que num dia ensolarado começar suas refeições com todas as cores e frescor de uma salada? As gotas frescas de água envolvendo o alimento reluzente ao brilho do azeite extra virgem usado para o tempero… Isso sim parece sonho. Mas os sonhos vem travestidos de pesadelos, recheados de chocolates irresistivelmente malvados lutando bravamente contra sua força de vontade, o raivoso brigadeiro chutando sua negação e teimando em invadir sua boca sedenta por aquele sabor proibido… E o bombom, bonzinho ,consolando a sua dor. Comida? Sentimento? Qual o significado dos alimentos para você?

O doce pode ser amargo, e o arrepio da alma não vem do azedo. O que determina a sua fome? É biológico? Cultural? “Você tem fome de que?” Há quanto tempo você esta desconectado com o que você come? Você come o que quer? Sabe o que quer? Ou come o que a moda manda? Seus conceitos são baseados em que? Você sabia que o seu comportamento alimentar envolve ações e condutas alimentares regidas por seus pensamentos e afetos? Então como você escolhe o que come?

Questione-se.

Conhecer-se é um processo, que deve ser guiado pela ciência, pensando nas ações, condutas e afeto que envolvem a sua alimentação. É fundamental para começar a compreensão do que você quer apropriar-se de si mesmo. Assim, talvez no sonho você encontre o que realmente gosta, e não um exército de alimentos erroneamente proibidos pronto para acabar com a sua boa forma fisica, mantida às custas de uma árdua escravidão nas dietas.

Fonte: Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

Falando de frutas, verduras e legumes

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Por Iamara Seara Medeiros, nutricionista

Minha primeira paciente do dia, 8h da manhã em uma segunda-feira, obesidade grau II. Já tínhamos nos falado ano passado, e conversamos algumas coisas básicas de primeira consulta: melhorar qualidade, aumentar fracionamento, diminuir quantidade. Não nos vimos mais até este dia pela manhã.

“Nossa que bom ver você, como você está?”

“Bem, depois da nossa conversa do ano passado a única coisa que consegui fazer foi ficar 03 meses sem tomar refrigerante.”

“Mesmo? E atualmente você voltou a tomar refrigerante??”

“Sim, nem isso eu consegui!”

“Mas nós tínhamos combinado de tirar o refrigerante?”, pergunto eu, não me lembrando deste detalhe.

“Não, achei que não era saudável”, responde, triste e decepcionada com o insucesso da tentativa.

“Me fale um pouco sobre o que te incomoda na sua alimentação, o que você acha que está errado com ela.”

“Pra falar a verdade, não acho que eu coma tanto para estar com este peso. Não gosto de doces.”

A analiso com mais cuidado, cabelos amarrados de qualquer jeito, unhas por fazer, uma blusa que parecia não combinar com a saia e nenhuma das vestes combinava com a dona. Pareciam estar disputando um lugar, ela, a roupa e a cadeira. Ela estava desconfortável! Perguntei como foi o final de semana. Ela respondeu que estava chateada porque teve uma filha na adolescência, que não morava com ela, seu atual marido não se dava muito bem com os rompantes da adolescência de sua filha, a madrasta da menina também não a queria por perto, e nesta altura me vi obrigada a perguntar com quem a menina morava.

Ela me respondeu que a situação era bastante complicada, e que a filha estava morando com a tia de seu pai, e que lá moravam mais um primo, uma irmã, e outros agregados, como se fossem os exilados de qualquer lugar.

Neste momento, ela deixa transparecer toda sua decepção e impotência perante a situação!

Como vou falar de frutas e verduras… Como fazer a alimentação neste cenário ser uma das prioridades…

Pergunto então o que ela gostaria de fazer.

Ela diz que vai esperar a filha crescer para ver se entende as coisas, ver se fica menos rebelde e amadureça!

Neste momento, pensei que isso seria a mesma coisa que esperar os exames laboratoriais ficarem com resultados bons e ótimos para só então se iniciar a mudança de comportamento, principalmente o alimentar…

Este foi meu gancho.

Fonte: Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

Você tem SIM um brilho! Todo mundo têm!

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Por Marluce Nobre Nóbrega – Nutricionista

Felizmente nasci com saúde. Deus me deu um corpo para eu cuidar e ele também te deu um. Além de um corpo temos inteligência, carisma, alegria, amor, sabedoria, caráter, fidelidade, sinceridade, humildade, generosidade, lealdade, paciência, perseverança, honestidade, bondade, simpatia, responsabilidade, amizade, pró-atividade, caridade, senso de justiça, bom humor, coragem, integridade, otimismo, gratidão,… cada um em um nível diferente dos outros e aprimoramos as nossas qualidades conforme nos empenhamos para tal.

São essas características que nos fazem ser lembrados, que fazem com que os outros queiram estar próximos a nós! Você prefere sair com a amiga animada, alegre e leal ou estar com uma amiga mal humorada, baixo astral e que adora colocar um defeito nas suas escolhas alimentares ou em você?

O que determina quem está em nossas vidas? O nosso corpo físico ou quem realmente somos?

O seu corpo não vai determinar quem estará próximo a você, e sim as suas qualidades internas.

Temos defeitos sim e alguns destes existem para aprendermos algo a ser melhorado, lapidado. Algumas características, sejam do corpo físico (em especial pela nossa genética), ou da nossa personalidade devem ser aceitas por nós, e o que precisamos fazer é valorizar e usar a nosso favor as nossas qualidades! Você sabe quais são as suas?

Fonte: GENTA – Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

Comer Emocional – Gatilhos emocionais para comer

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Vamos olhar  para o comer emocional, mas alguns passos anteriores, ou seja, o que pode “ativar” ou “intensificar” o comer emocional. Lembrando que: (a) comer por questões emocionais per se não é errado; (b) dependendo da intensidade e frequência que o comer emocional assume pode se tornar um problema.

Seguem alguns exemplos de situações que desencadeiam o comer emocional:

Excitação

Quando a vida está chata a comida pode ser usada para injetar animação nela. Por exemplo, cozinhar uma receita especial ou nova é algo que gera grande entusiasmo em algumas pessoas. Outro exemplo é fazer uma reserva / ir a algum restaurante que sempre quis ir/gosta. Esses dois exemplos, podem ser grandes eventos na vida de algumas pessoas e comida se tornar central.

Fazer dieta frequentemente criar um senso de excitação muito forte, esperança. Por um novo corpo e uma nova vida. Esse é um dos motivos pelos quais as dietas para perda de peso / ganho de massa muscular são sempre tão ostentadas e desejadas. Quando a dieta acaba o senso de excitação é substituído por desespero, que por sua vez é substituído por uma nova excitação: comprar ‘alimentos proibidos’ em grande quantidade.

Frustração e Raiva

Ter uma briga no trânsito ou uma discussão no trabalho podem deixar uma pessoa realmente brava. A raiva / frustração podem ser ‘descontadas’ na comida. Alguns alimentos são peculiarmente mais consumidos uma vez que o comer emocional é acionado por esses gatilhos. Para algumas pessoas, morder e quebrar o alimento ajuda a descarregar esses sentimentos, por isso os alimentos mais relacionados são os crocantes e duros. Esse gatilho geralmente está relacionado à graus de intensidade do comer emocional mais prejudiciais.

Tédio e Procrastinação

 

O tédio é um dos sentimentos mais comuns que serve como gatilho para o comer emocional. É um jeito de preencher o tempo e/ou de adiar uma tarefa que precisa ser feita. Para algumas pessoas o fato de procurar por comida e comê-la espanta o tédio.

Alguns exemplos de situações práticas: estar em casa em um sábado à noite e não ter planejado nada para esse momento; esperando por uma ligação importante; assistir TV domingo à tarde sem nada pra fazer; arrumar toda a casa e a tarde não ter ‘nada para fazer’, ter passado o dia inteiro fazendo um trabalho sentado no computador, etc.

Percebo que a cada 10 pessoas que me contam que ‘comem porque são ansiosas’ pelo menos 6 estão falando sobre tédio. Esse exemplo fica claro especialmente em crianças que ‘brincam pouco’ e ‘comem muito’. Literalmente uma falta e que a comida tenta preencher.

Recompensa e Suborno 

Prometer a si mesmo, ou a outro, que irá comer algo que gosta muito após realizar uma tarefa especialmente chata – “eu mereço comer aquilo, especialmente hoje”. O caso típico do pai/mãe que trabalham e que sentem necessidade de trazer um doce para o filho para ‘compensar’ sua ausência. Alguns exemplos:  Um dia extenuante de trabalho e a pessoa premia a si própria com uma comida especialmente gostosa / proibida para ela; A criança não come e a mãe diz que se ela comer toda a comida do prato vai ganhar mais um pedaço de pudim.

Acalmar

A comida pode realmente acalmar. Imagine que você está numa situação difícil nesse momento. Entre (a) ir a cozinha e pegar alguns chocolates/bolachas  OU (b) sentar no sofá e experimentar todas as sensações ruins que estão borbulhando dentro de você, é fácil imaginar qual a situação mais apelativa. Especialmente se esse chocolate/bolachas o fizerem lembrar de um momento ou época em que a vida era menos complicada e mais prazerosa.

Amor

Vários comerciais de alimentos relacionam a comida com uma forma de demonstrar afeto. Não é à toa que isso também faz parte do nosso rol de emoções relacionadas à comida. Um exemplo emblemático são os chocolates para o dia dos namorados. Outro exemplo clássico é dar coisas que o seu filho gosta muito de comer para demonstrar o quanto ama ele.

Algumas pessoas têm muita dificuldade em negar alguma comida, por percebê-la como símbolo de afeto. Para elas, por exemplo, negar o bolo de sobremesa na casa da vizinha, não é uma opção (mesmo se estiver muito cheia ou não gostar do bolo).

Existem muitos outros gatilhos emocionais para o comer. Esses são apenas alguns deles!

É importante ressaltar que a maioria das pessoas não se dá conta que gatilhos emocionais influenciam sobre a sua alimentação. Elas acham que comem porque “tem olho grande”, “são gulosas”, “porque é muito gostoso”, etc. Repito: se dar conta é um passo muito importante!

Entretanto perceber e nomear alguns sentimentos/sensações não é uma tarefa simples para a maioria das pessoas. Consultar um profissional da psicologia para ajudar a reconhecê-los pode ser uma boa estratégia para ajudar a lidar com esses sentimentos.

O papel do nutricionista também é essencial ajudando a distinguir estes da fome física (e o que fazer com ela). A reação mais comuns das pessoas (e também de muitos profissionais) quando descobrem esse tema é achar que tudo é emocional. Na verdade não é! A fome física existe e não pode ser ignorada! Ignorá-la (ou não saber diferenciar, achar que é emocional) pode trazer mais frustração e consequências físicas e psicológicas (Leia mais).

Que tal começar a prestar atenção em como você lida com a comida?

Bibliografia:

Tribole E, Resch E. Intuitive Eating. 3rd ed. New York: St. Martin´s Griffin. 2012.

http://www.intuitiveeating.org/

Fonte: Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

Você Come Assim?

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Por Karin Dunker, nutricionista

Começo essa reflexão com algumas histórias do nosso dia a dia de consultório….

Uma paciente refere que luta com o momento da refeição, diz que não consegue comer sozinha, e que quando o faz na verdade fica enrolando para comer por uma hora, por medo de que aquele pouco que está comendo vai engordá-la !

A outra paciente diz que come muito rápido, não têm tempo e paciência para sentar-se a mesa , pois acha que este momento não é importante. Engole tudo em 5 minutos, e volta para sua corrida rotina de trabalho.

Parecem dois exemplos opostos, mas na verdade as duas não conseguem lidar com o momento da refeição. Parar para comer, prestar atenção no que está comendo, ter prazer naquele momento da refeição, e sentir se satisfeito e feliz depois. Você conhece alguém que acha isso  importante ?

Claro que deve conhecer, mas acho que são poucos os que realmente conseguem perceber os sinais do corpo de fome e saciedade, tão importantes para ter uma refeição  prazerosa, e satisfatória. Vivemos na urgência do tempo, no trabalho, em casa, com a família, filhos, amigos. Com tantas obrigações e metas a serem atingidas, será  que comer deixou de ser importante ?

Não temos mais tempo para comer, mas temos tempo para correr. Sim, precisamos comer isso é certo, todos sabem, pois os alimentos são o nosso combustível, e sem eles morremos. No entanto percebemos no consultório que comer deixou de ser um prazer, e passou a ser uma obrigação, o alimento é visto como algo que engorda, que pode fazer mal, que pode te deixar doente, mas que ao mesmo tempo pode funcionar como algo mágico, a cura para uma doença, a fórmula da juventude. E onde fica o prazer ?

Que tal experimentar algo novo ? Pense no momento da refeição como um momento agradável, onde você têm a oportunidade se saborear algo gostoso e saboroso ! Um bom exemplo é o momento em que o crítico de gastronomia no filme Ratatouille degusta o prato de chef que faz remete-lo a boas lembranças da infância (veja o video).

http://www.youtube.com/watch?v=4nBOyVG7oIM

Então esqueça todos os conceitos que você têm do que é certo e errado. Experimente saborear sua próxima refeição, com tempo, com alguém que você goste, sentado à uma mesa bem posta, escutando uma música agradável, e perceba o prazer que esse momento pode te dar !

Fonte: Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares