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CHOCOLATE

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Por Marluce Nóbrega, nutricionista

Uma imagem como essa para alguns é deliciosa de se ver! Para outros, assustador! Triste, mas infelizmente é o que escuto dos pacientes no consultório e nas mídias sociais.

Ahhhhhh, o chocolate! Hoje resolvi conversar um pouco com você sobre esse doce que ganha o coração de muita gente.

Tem algum problema gostar dessa imagem? Não!

Tem algum problema gostar de chocolate? Não!

No lugar do chocolate podia ser um prato de refeição ou uma salada ou uns brócolis refogados bem verdinhos e todos podem te agradar ou não.

Gostar ou não gostar de determinados alimentos, ou bebidas, é algo bem particular.

Respeite o seu gosto. Nosso paladar vai mudando e podemos passar a gostar de determinados alimentos e, portanto diferentes sabores que um dia não gostamos.

Agora, para você achar que deveria gostar ou não de algo existe alguma coisa ou alguém te influenciando a pensar assim. Sugiro você refletir o que te leva a pensar sobre não dever gostar de chocolate ou outro doce. Ou por qual motivo você deveria parar de comer chocolate? Será mesmo???

Vou te contar um segredo:

Quando VOCÊ PARAR de acreditar que não pode comer chocolate VOCÊ passará a TER uma relação diferente e amigável com o seu chocolate. Você com certeza não deixará de sentir vontade, mas sem culpa. Você provavelmente comerá mais devagar o seu chocolate e sentirá prazer. E depois de comer você não terá mais tantaaaa vontade de comer o seu chocolate quanto a que tem ao se proibir de comê-lo. Sabe aquela história de que tudo que é proibido é mais gostoso? Pois bem…

Esse texto fiz especialmente para você acalmar o seu coração e mente. Você gostar de chocolate, ou de outro doce, não é errado, não é do mal, não é veneno. É o seu gosto. É o que você gosta e tudo bem!

A mensagem principal de hoje é a seguinte: não dá para se alimentar só de chocolate, mas ele podem sim fazer parte de uma alimentação saudável. Crie uma nova relação com a sua comida e você terá paz e prazer em comer todos os dias.

Um doce ano para você!

 

Fonte: http://www.genta.com.br/post-10237

QUEM SOMOS?

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Por Ester Soares – nutricionista

Há quase 20 anos, surgia um pequeno grupo, 03 amigas, nutricionistas, que apostavam que a profissão exercida, poderia e deveria ser mais. Não somos fazedores de dietas”! ?Não somos profissionais emagrecedores?.

Não somos!!

Então…quem somos?

Somos profissionais de saúde, comprometidos com o indivíduo e entendemos nossa profissão de maneira mais ampla e responsável,

Somos um grupo especializado em Nutrição, Transtornos Alimentares e Obesidade

Um grupo que acredita que muito além da reeducação alimentar, existe e reeducação da nossa relação com a comida e com o corpo.

Provocamos e reagimos às idiossincrasias que podem permear o contexto da nutrição, como ciência viva que é! Reagimos sim, às falas distônicas e imorais, em relação a imagem corporal e às relações com a comida!

Não somos policiais! Mas nada, absolutamente nada, que possa nos indignar, fica sem uma palavra, um ato corajoso, um manifesto. Não nos colocamos de maneira imperativa, mas nos pautamos , sempre, na ciência que aposta e acredita na missão maior do nutricionista perante a sociedade. Sociedade esta que têm matado mulheres cada vez mais jovens, crianças, que não se acham suficientemente bonitas(leia-se magras??). Esta parte da  sociedade que atua de maneira obssessiva e transtornada em relação à comida e ao corpo.

Temos uma identidade. Repleta de conteúdo e emoções.Temos convicções. Por isso nascemos. E por isso crescemos.

Temos uma missão: pesquisar, tratar e prevenir transtornos alimentares e obesidade. Dentro de uma visão que acreditamos, cujo modelo de saúde deve ser baseado no equilíbrio e no fortalecimento dos comportamentos saudáveis (e não apenas corpo, peso e dietas), pensamos a alimentação em seus aspectos fisiológicos, sociais, culturais e emocionais. Esta é a nossa visão.

Quem nos segue, faz parte deste processo, desta jornada. E o trabalho de renovação também faz parte.

Quantos convidados, amigos, colegas, profissionais que compartilham de nossos ideais e idéias, passaram pelo blog do GENTA, este anos. Vem mais por aí, no próximo ano!!

Nossos membros e colaboradores participam dos Simpósios e Congressos mais relevantes da área de saúde. Aqui e nos exterior. Viajam pelo Brasil, com aulas. Compartilhando saberes!!

Nossa parceria com o Instituto Nutrição Comportamental é mais uma forma corajosa de trabalharmos nossas convicções. Acreditamos no compartilhamento do saber!

Temos a mente viva; a nossa paixão e entusiasmo é a mola propulsora.

A semana Se Dê Conta! Projeto corajoso e sensível!

Nosso trabalho de supervisão é um dos mais novos projetos do GENTA! Oferecemos supervisão clínica para nutricionistas , na expectativa de oferecer recursos e colaboração para desenvolvimento de planos terapêuticos eficazes, além de estudos de casos.

Nosso trabalho de prevenção vem com inúmeras novidades para o próximo ano!!

Quem somos?

Somos o GENTA!

Leia!

www.genta.com.br

OBESIDADE INFANTIL: POR QUE AO TENTAR AJUDAR ESTAMOS PREJUDICANDO NOSSAS CRIANÇAS

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Por Juliana Bergamo Vega, nutricionista

Dias atrás atendi uma linda garotinha com excesso de peso no consultório, que não queria mais ir à escola. Após muito questioná-la sobre o que havia acontecido, me contou que sua professora propôs uma atividade sobre alimentação saudável em sala de aula, na qual todos os alunos deveriam abrir suas lancheiras. Ao observar as opções de alimentos trazidos pelos alunos, a professora elegeu a lancheira da garota como exemplo do que NÃO deveria ser escolhido para se alimentar de forma adequada. Depois do ocorrido, ela nunca mais teve paz. Era motivo de piada entre os amigos, que completavam dizendo: “agora entendo porque está tão gorda”. Pronto, o caos estava instalado. Mais uma história de angústia e sofrimento que se iniciava. Mais uma exposição desnecessária travestida de educação nutricional “cheia de boas intenções”.

Há alguns anos, as pesquisas mostram o aumento exponencial de excesso de peso e obesidade entre crianças e adolescentes. Como resposta, organizações de saúde, profissionais e familiares tentam buscar estratégias de enfrentamento para este novo cenário, até então desconhecido. Resultado: dietas, proibições, culpa, medo de engordar, desvalorização do corpo como imperativos nos lares e germinando dentro das crianças crenças disfuncionais sobre alimentação, corpo e saúde.

Em algumas situações, nós, adultos, não medimos esforços para preservar as crianças de um ambiente hostil ou violento. Mas essa regra não se aplica quando o assunto é obesidade. Não é incomum que crianças obesas tenham passado por experiências negativas promovidas por pessoas tentando ajudá-las. É como se o corpo gordo fosse território público, autorizando todos a opinar. Afinal, está “doente” e precisa ser urgentemente “curado”!

Infelizmente o ambiente escolar não é o único exemplo. Muitas vezes a situação vexatória acontece dentro de casa, ocasionada pela própria família. Tentando ajudar, falas de pessoas próximas do tipo “você tem um rosto lindo, mas precisa se cuidar” podem colaborar com a construção de uma imagem corporal negativa e baixa autoestima, ingredientes essencialmente prejudiciais à saúde.

Surpreendentemente foram inúmeras as vezes que escutei relatos de pacientes sobre médicos e nutricionistas que realizam intervenções focadas exclusivamente no peso, sem saber que as consequências podem ser desastrosas. Promovendo a valorização do corpo magro como saudável, as armadilhas das dietas restritivas estão atingindo crianças com aval de profissionais da saúde, gerando um ciclo de fracasso, insatisfação corporal e desconexão com os sinais do corpo: terreno fértil para o aparecimento de transtornos alimentares.

Desde que iniciei meu trabalho como coordenadora de pesquisa do Programa de Atendimento, Ensino e Pesquisa em Transtornos Alimentares na Infância e Adolescência (PROTAD) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, me chamou a atenção o fato de que entre os pacientes com anorexia e bulimia nervosa, metade da nossa amostra tiveram excesso de peso na infância. Ao resgatar a história de cada um deles, fica evidente a violência sofrida de diversas formas, vinda de várias direções e muitas vezes camuflada de boas intenções pelo simples fato de estarem acima do peso. Na tentativa desesperada de perder peso, estes pacientes adotam práticas que colocam em risco a sua saúde e aumentam as estatísticas da doença psiquiátrica de maior morbimortalidade.

É mais do que urgente a necessidade de mudança de olhar sobre manejo e controle da obesidade em todas as faixas etárias. Fica a reflexão para nós profissionais da saúde, educadores e pais se já não passou da hora de exercitar a capacidade de se colocar no lugar do outro, com palavras e atitudes, para não ser o agente causador de feridas que dificilmente se cicatrizarão.

 

GENTA Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade

 

POR ONDE ANDA A ÉTICA PROFISSIONAL?

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Por Manuela Capezzuto, nutricionista

A ética sempre foi um importante fio condutor nas práticas de saúde. No século V a. C., Hipócrates, visto como o pai da medicina, fundou uma escola que mudaria o rumo dos estudos tradicionais. A escola hipocrática separou a medicina da magia e religião, fundamentando seus conhecimentos na razão e na ciência. Dos 72 livros contemporâneos produzidos, sete se debruçam exclusivamente sobre a ética médica, sendo um deles o Juramento, considerado patrimônio da humanidade e proferido até hoje pelos médicos recém formados.

Indiscutivelmente, muito mudou desde Hipócrates e sua pequena ilha grega no Mar Egeu. Outros cursos de saúde também incorporaram o Juramento de forma reduzida e modificada. Na nutrição temos o seguinte dizer:

“Prometo que, ao exercer a profissão de nutricionista, o farei com dignidade e eficiência, valendo-me da ciência da nutrição, em benefício da saúde da pessoasem discriminação de qualquer natureza. Prometo, ainda, que serei fiel aos princípios da moral e da ética. Ao cumprir este juramento com dedicação, desejo ser merecedor dos louros que a profissão proporciona.”

Valer-se da ciência nas condutas nutricionais nos parece bastante óbvio, assim como trabalhar em benefício da saúde humana. Mesmo dentro da ciência, devemos ser bastante críticos, considerando se o  nível de evidência é realmente consistente (no Código de Ética do Nutricionista encontramos tal citação no capítulo IV, artigo 6, item VI). Não é porque um artigo científico concluiu que o jejum intermitente é mais eficaz na perda de peso para cinco camundongos confinados em um laboratório na Escandinávia, que podemos reproduzir tal conduta para a população.

Destrinchando um pouco mais o Código de Ética do Nutricionista, encontramos ainda que é vedado aos profissionais “vincular sua atividade profissional ao recebimento de vantagens pessoais oferecidas por agentes econômicos interessados na produção ou comercialização de produtos alimentares ou farmacêuticos ou outros produtos, materiais, equipamentos e/ou serviços” (capítulo IV, artigo 7, item VIII). Já se deparou com profissionais enaltecendo exageradamente um produto ou alimento específico? Cuidado! Com o boom dos perfis de influenciadores digitais e empresas no Instagram e Facebook o Conselho Regional de Nutricionistas de São Paulo e Minas Gerais (CRN3) lançou, nesse ano, um material instrutivo desencorajando as fotos sensacionalistas de “antes e depois” de pacientes. Inúmeros argumentos sustentam essa decisão, mas, atendo-se ao principal, sabe-se que a edição de imagens “afinar, aumentar, retocar, polir, colocar e tirar curvas” é o principal agente por trás dessas fotos. Incontáveis aplicativos, por exemplo, fazem esse trabalho em segundos e de graça. E é claro que o sucesso de um profissional não deveria ser apenas medido pelos centímetros diminuídos na circunferência da cintura de alguém.

Essa reflexão vem, portanto, para nos lembrar da importância de trilhar um caminho ético na vida profissional. Tem por intuito, também, despertar um olhar atento ao que lemos, vemos e ouvimos, já que interesses econômicos vem se confundindo bastante com o discurso de saúde.

REZENDE, JM. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina [online]. São Paulo: Editora Unifesp, 2009. O juramento de Hipócrates. pp. 31-48. ISBN 978-85-61673-63-5. Available from SciELO Books .

CRN3: Conselho Regional de Nutricionistas 3? região. São Paulo. 2015. Disponível em: http://www.crn3.org.br/>.

DE NUTRICIONISTAS, Conselho Federal. Código de ética do nutricionista. Resolução CFN, n. 334, 2004.

 

GENTA Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade

 

O QUE É TER UMA IMAGEM CORPORAL POSITIVA?

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Por Camila Lafetá Sesana, nutricionista

Às vezes, conseguimos ter mais clareza sobre o significado de uma coisa refletindo sobre aquilo que ela não é. Essa foi a minha conclusão ao terminar de ler um artigo teórico sobre imagem corporal positiva, que esmiúça todos seus elementos e como eles se relacionam.

Intuitivamente, é fácil pensar que imagem corporal positiva seria o contrário de imagem corporal negativa. No entanto, as autoras do artigo defendem, baseadas em uma revisão da literatura científica sobre o tema, que não, não é correto imaginá-la como uma das pontas de um espectro de satisfação e insatisfação. Ter uma imagem corporal positiva não é o mesmo que ter baixos níveis de atitudes negativas em relação ao corpo – ela existe por si só e possui múltiplas facetas.

Como assim?

Uma pessoa com atitudes positivas em relação à sua imagem corporal tem flexibilidade, isto é, está mais disposta a aceitar e vivenciar, com intenção, as sensações, percepções, sentimentos, pensamentos e crenças sobre seu corpo sem tentar mudá-los e sem deixar que eles afetem outros domínios de sua vida.

apreciação corporal seria outro elemento importante da imagem corporal positiva. Mais do que focar na aparência do corpo e no grau de conformidade que ele guarda com ideais de beleza do momento, apreciar o corpo é estimar suas características, sua saúde, o que ele representa, sua herança familiar ou étnica e ainda aquilo que ele é capaz de fazer.

Há uma linha de pesquisa que propõe que a atenção para a funcionalidade do corpo pode melhorar a autoestima, reduzir o risco de comportamentos alimentares inadequados, a disfunção sexual e a aumentar qualidade de vida em geral. Façamos uma pausa para contemplar todos os processos que ocorrem o tempo todo em nosso corpo: a fascinante complexidade e elegância de suas funções biológicas, como respiração, circulação, digestão e reprodução. A particularidade de o cérebro humano ser capaz de refletir sobre a própria existência. A mobilização dos sentidos, que media e colore toda a experiência de estar vivo. A capacidade desse corpo se expressar criativamente, como na dança, na música ou na escrita. De dar e receber afeto. E se tudo isso fosse somado à aparência na equação do valor que reconhecemos em nós mesmos?

Cultivar a aparência não deve ser tabu, diz o artigo. Uma imagem corporal positiva não exclui os desejos de expressar a individualidade pela aparência, de realçar características do corpo ou de parecer mais atraente. A questão é saber se o investimento na aparência é a base do juízo de valor da pessoa sobre si mesma ou uma série de gestos de gentileza com o próprio corpo.

Uma observação importantíssima feita pelas autoras é a de que aceitar e amar o corpo como ele é não é o mesmo que abandonar todos os cuidados com a saúde, a alimentação e a atividade física ? crítica comum a quem defende abordagens neutras em relação ao peso. Pelo contrário, trabalhos mostram que mulheres com maiores graus de aceitação corporal são mais atentas à sua saúde, desde usar mais filtro solar e fazer exames preventivos de câncer de mama com mais regularidade, até investir de forma mais benigna em sua aparência física.

Por fim, ter uma imagem corporal positiva não é aceitar e amar incondicionalmente o corpo. Essa não é uma meta realista em nossa cultura. Aliás, é possível sentir insatisfação em relação ao corpo ou partes dele e ainda assim ter uma atitude positiva. Mulheres na maturidade são um exemplo dessa convivência pacífica: o envelhecimento pode atenuar a importância da aparência e convidar a um respeito ao corpo por outros caminhos.

Buscar uma “relação perfeita” com o corpo é uma armadilha tão grande quanto buscar um “corpo perfeito”.  Acredito que a palavra-chave aqui é mesmo flexibilidade: seja para enfrentar a torrente de mensagens negativas enviadas pela cultura, pelas pessoas à nossa volta e por nós mesmos, seja para encarar suas próprias limitações, com coragem, generosidade e compaixão.

 

GENTA Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade

 

Entre o prazer e a nutrição

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A barriga ronca. O que a gente faz? Come. A gente vai comemorar aniversário, come. A gente vai sair com os amigos, come. Reencontrar a família toda no fim do ano, come pra valer. A gente vai chamar o crush pra sair… Come mais um pouquinho. E se tudo der errado, tem as amigas pra ajudar a acabar com o pote de sorvete. A gente come mais ainda, oras bolas! Já se diz por aí que tudo acaba em pizza. Come de feliz, de triste, de raiva, de tédio (sempre), de ansiedade. Chomp, chomp!

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“eu amo comida mais do que eu amo pessoas”

Comer vai além do ditado de que “saco vazio não para em pé”. Quando se come, não se pensa somente em nutrição. Aliás, muitas vezes nem se pensa em nutrição, mas no bel prazer de mastigas e engolir. Hmmmmmm! A comida pode deixar de ser a amiga de todas as horas e se tornar uma grande vilã se for endeusada ou vista como inimiga da boa aparência. Sumir com um hambúrguer entre os dentes tão rápido que mal se lembra do gosto, evitar festinhas de aniversário ou deixar de ir com a galera do trabalho na lanchonete da esquina pra fugir das comidinhas pode ser sintomas de transtorno alimentar. Com tantas manias diferentes de cada um, como saber?

A nutricionista clínica comportamental, Fernanda Timerman, explica que apresentar sofrimento físico, emocional ou social em relação à maneira como come e na sua relação com o corpo; falar muito sobre dieta e sempre tentar algo novo, restringir cada vez mais a alimentação ou apresentar descontrole e se isolar por qualquer problema relacionado ao temor de não ter o que comer são alguns dos sintomas do desenvolvimento de alguma doença relacionada à má alimentação.  Antes de se servir é importante orar considerar qual é o motivo pelo qual se está comendo. A psicóloga Fabiola Luciano ergue a pergunta: que fome eu quero alimentar com essa refeição? “Muitas vezes é uma fome emocional que não é suprida por nada que a gente coma”, revela, se referindo aos excessos e restrições extremas. Há vários casos em que o transtorno alimentar tem que ver com algum transtorno psíquico como ansiedade e depressão.

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Atualmente se vive em uma geração que busca comer bem, e de acordo com Fernanda essa procura pode levar ao desenvolvimento de algum transtorno. Inclusive existe nome e sobrenome para a demanda absoluta de comer alimentos “corretos”: ortorexia nervosa. É uma síndrome que pode causar danos sociais, emocionais e clínicos. Ela ainda declara que o equilíbrio na alimentação é o ato de conseguir identificar suas necessidades fisiológicas – a fome do estômago – e reagir mais a ela do que a fome emocional; sempre seguindo a regrinha básica de preferir alimentos naturais, integrais e ter flexibilidade de comer “guloseimas” em eventos sociais esporadicamente.

Foi só depois de experienciar a obesidade, a tão sonhada magreza e um distúrbio alimentar que Erika Elenbaas entendeu que tem muita história para ser contada sobre a forma como lidamos com a comida e com nós mesmos.  Hoje ela é desenvolvedora do blog Brigadeiro de Alface, que começou como um desabafo de sua experiência pessoal e atualmente ajuda pessoas a encontrarem equilíbrio na corda bamba entre nutrição e prazer provenientes do alimento.

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O equilíbrio está em algo óbvio: comer bem. Comer bem, por sua vez, é poder comer com moderação e controle. “Um controle natural, e não restritivo ou autopunitivo”, explica Fabiola. Devido a cultura fitness corrente nos últimos tempos, a busca por dietas tem tido repercussões não tão saudáveis. De acordo com a psicóloga, as dietas mais restritivas podem potencializar a compulsão alimentar. “O que acontece é que as pessoas vêm distorcendo o conceito de saúde”, admite. Saúde não quer dizer ter um corpo perfeito. Aliás, perfeição é algo utópico. Fabiola conta que muitos pacientes que estão acima do peso têm mais saúde do que aqueles que o índice de Massa Corpórea (IMC) é considerado ideal.

Foi assim com Erika. Tudo começou quando ela foi para Holanda em 2010 e deu início a uma dieta prescrita por uma nutricionista famosa de lá. A dieta pedia que ela ingerisse no máximo 1.200 calorias por dia. No entanto essa não era uma tarefa fácil de cumprir, por isso quando deslizava em um chocolate aproveitava para chutar o balde naquele dia e comer tudo que desejasse. No dia seguinte, dieta de novo. Começava um ciclo de comer pouco, muito, pouco… Isso aconteceu até se tornar frequente. “Eu me sentia péssima depois disso, extremamente culpada, envergonhada e solitária por não dividir essa dor com ninguém porque eu não tinha coragem”, desabafa.

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A psicóloga Fabiola revela que para manter o equilíbrio nessa questão, é essencial não perder de vista o referencial de si mesmo. “É um exercício diário e naturalmente difícil, porque como seres sociais temos necessidade de aprovação social”, afirma. A especialista acredita que o ideal seja se perguntar até onde essa aprovação é válida para que a pessoa não viva só para os outros. “Quando a gente faz isso, perde de vista quem a gente é, a nossa identidade e se torna só um modelinho que quer se encaixar em algum lugar e isso passa a não fazer sentido”, declara. Para perceber se alguém está indo longe demais, Fabiola conta que é preciso analisar o comportamento e o discurso da pessoa com relação a si mesma e a comida.

A fim de compensar as calorias escapulidas, Erika passava horas na academia para manter o peso, começando um novo ciclo: dieta. Compulsão. Queimar compulsão. De novo. Com a ajuda do esposo procurou ajuda e começou seu tratamento em um centro especializado em distúrbios alimentares lá na Holanda. Ela foi diagnosticada com bulimia, por acontecer compulsão mais de duas vezes por semana seguidas de um tipo de compensação. “Eu achava que bulimia era só pessoas que vomitavam e não é só isso, mas qualquer tipo de coisa que você usa como forma de compensar os excessos da compulsão alimentar, seja exercícios ou algum medicamento”, compartilha. Foram seis meses de tratamento, dos quais ela aprendeu que comer de forma considerada não saudável faz parte e, acredite, é saudável.

“Equilíbrio é viver bem com o alimento” – ELENBAAS, Erika

 

Lia, agora escrevo

 

AS SUAS MEDIDAS NÃO TE DEFINEM!

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Por Marluce Nóbrega, nutricionista

Muita gente cria uma ilusão que a partir do momento que possuir uma barriga chapada, ou um peso específico, a sua felicidade será alcançada. Será mesmo que você terá amigos, um emprego que te realize, filhos que te respeitem e te ame, um amor, tudo estará bem com a sua saúde e a sua família a partir do momento em que você alcançar as suas medidas dos sonhos? SERÁ???

Obviamente que a mídia em geral, desde revistas, televisão e páginas pessoais e profissionais em redes sociais, divulgam alegria, realização, bom relacionamento e sucesso profissional vinculado a um corpo perfeito. Mas, será mesmo?

Será que o corpo perfeito não acompanha a auto cobrança, o olhar dos outro para tudo o que você come, o seu olhar para o seu corpo, a valorização dos seus defeitos (sim, temos muitos defeitos), o comer pouco, o passar fome, o deixar de comer o que você gosta, ficar doente, a sua vontade de não ir treinar e outras coisas como a sua vontade de não se maquiar? Um controle que adoece! Afirmo que adoece porque já atendi paciente que ficou doente com transtorno alimentar por desenvolver e manter um perfil pessoal de alimentação FIT que ela mesmo não mantinha por ter desenvolvido compulsão alimentar. Sua cobrança a deixou doente. A sua e de muitos também pode se tornar uma doença.

Você aceita fazer um teste agora? Se sim, leia abaixo em voz alta a seguinte apresentação:

?Eu me chamo Maria (coloque o seu nome ao ler em voz alta), tenho a altura tal (diga a sua altura) e peso tantos quilos (diga o seu peso atual), com uma cintura de tanto e uma circunferência de quadril de outro tanto.?

Um tanto quanto estranho e sem sentido essa apresentação. Nunca, com exceção de concurso de miss, alguém se apresentou em uma conversa dessa forma. Por favor, mais amor por você, por tudo o que você é e realiza! Aliás, surpreendentemente, as modelos na última Miss Peru se apresentaram de uma forma inesperada, o que me inspirou para esse texto.  As modelos protestaram contra a violência às mulheres divulgando números de violência em seu país, ao invés de falarem sobre as suas medidas. Veja aqui

Você é muito, mas muito mais que as suas medidas. Você é uma pessoa especial para muitas outras pessoas. Você tem diversas qualidades. Caso você não saiba quais são as suas pergunte para quem te ama e você se surpreenderá! Além das suas qualidades, o que você realiza ao seu redor também é muito importante.

E para finalizar, não deixe que os outros te definam. Defina lindamente você e arrase por aí!

 

GENTA Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade

 

CONTAGEM DE CALORIAS NÃO É PREVENÇÃO!

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Por Ester Soares, nutricionista

“Vivemos um paradoxo alimentar, com a oferta abundante de comida e estímulo ao consumo, e com os ideais de magreza inalcançáveis. Os índices de obesidade e dos transtornos alimentares não param de aumentar.” ( Dunker; Alvarenga et al., 2015, p.445)

Recentemente, a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados trouxe uma proposta que determina que os estabelecimentos comerciais devem informar o número de calorias no seu cardápio. O texto determina ainda que as casas alertem os consumidores sobre os perigos do sobrepeso e da obesidade para a saúde. Isto no cardápio!

Medo! Comer pode fazer mal à saúde!

Lamentavelmente, algumas pessoas concordam com estas práticas como prevenção à obesidade e entendem que isto pode colaborar para o aumento de campo de trabalho para nutricionistas. Ora, profissionais sérios que somos, da área de saúde, entendemos que não somos contadores de calorias e que este tipo de argumento só contribui com o comer transtornado.

Imaginem: “Garçom, por favor, quero este prato com menos de 200 calorias, obrigada!”

Estas estratégias têm sido mostradas totalmente ineficazes com resultados insatisfatórios no tratamento de obesidade. Pois o foco neurótico, apenas no conteúdo nutricional, acaba contribuindo para uma preocupação excessiva com a alimentação e o peso, além da estigmatização corporal e diminuição da autoestima.

A autonomia alimentar depende do próprio sujeito, mas também do ambiente onde ele vive. Isto inclui, segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, a forma de organização da sociedade e suas leis, os valores culturais e o acesso à educação e a serviços de saúde. Repito: acesso à educação e a serviços de saúde!

Sugiro para os nobres deputados a leitura do Guia Alimentar para a População Brasileira. O guia é um documento oficial que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável para a população brasileira, configurando-se como instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutricional no SUS e também em outros setores.

GENTA Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade

 

PEGUE O SEU CORPO DE VOLTA

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Por Daiana Garbin, jornalista e criadora do Canal EuVejo (www.euvejo.vc)

Você já se deu a incrível oportunidade de TENTAR gostar do seu corpo? Sim, você sim, estou falando com você!! Ou simplesmente se olha no espelho todos os dias e, antes de qualquer coisa, já pensa: sou inadequado, não gosto deste corpo, ele está errado?

Você consegue imaginar sua vida sem estar em guerra com o corpo? Consegue imaginar uma vida sem contar calorias e sem dividir os alimentos nas categorias “proibido?”e “permitido”? Sem tentar entrar em um número menor de roupa? Você já parou para pensar que não existe absolutamente nada de errado com seu corpo?

Precisamos aprender a ser amáveis com nós mesmos. Com frequência, somos gentis com os outros e cruéis conosco. Claro que não é possível dizer a si mesmo: “Ok, a partir de hoje vou começar a me amar e só falar coisas boas sobre mim.” Sabemos que não funciona assim. Lamento informar, mas se alguma pessoa te disse que isso é fácil, ela mentiu para você?

É MUITO difícil se sentir seguro, capaz, confiante e bonito. Ninguém se sente assim o tempo todo. A vida é assim, temos dias bons e dias horrorosos, o importante é nunca desistir. Eu decidi que iria tentar me aceitar e me respeitar, e também aceitar o fato de não conseguir fazer isso tão facilmente.

Para mudar a lente negativa que usamos, não basta fazer seu intelecto entender. Você precisa fazer seu coração sentir.

Me dei conta que o corpo não pertence mais às pessoas. Ele virou um objeto de apreciação e julgamento públicos. A psicanalista Luciana Saddi diz que estamos vivendo o Corpo da Era Industrial: “É como se ele fosse uma máquina de queimar gordura e produzir músculos. Tratamos nosso corpo como se ele fosse uma foto. O corpo não está mais dentro de nós”.

Eu me reconheci totalmente nessas palavras. Havia passado os últimos anos vivendo fora do meu corpo, como se fôssemos dois seres diferentes: “eu” e “meu corpo”. Costumava me referir a ele como um ser estranho, distante, um inimigo, algo de que eu não gostava e que não fazia parte de mim.

 Sentia meu corpo como se ele fosse um molde de massinha que eu queria modelar até ficar perfeito. Esqueci que eu sou um ser vivo, que nasci com uma estrutura óssea e muscular diferente da dos outros, que meu corpo tem um formato e um tamanho únicos, e que exatamente por isso não posso compará-lo com os outros. Esqueci tudo isso. Nós esquecemos tudo isso.

Queremos ter o corpo dos outros sem pensar nem questionar como esses corpos foram construídos. Perdemos a capacidade de enxergar nossa beleza natural e de compreender nossos mecanismos de fome e saciedade, pois não permitimos que eles trabalhem da forma correta, sempre impondo dietas e restrições. E quando perdemos essa ligação, comer vira um ato desconectado das nossas sensações corporais e passamos a fazê-lo no piloto automático, sem sentir o gosto, a textura, o cheiro.

Cheguei a pensar: estamos perdidos, não tem mais volta.

E me perguntava: será que é possível pegar o corpo de volta, voltar a viver dentro dele? SIM, hoje eu verdadeiramente acredito nisso! Você precisa encontrar formas de resgatar seu corpo, de restabelecer o contato com ele, de ouvir o que seu corpo quer te dizer.

Gostar de si mesmo não é somente apreciar a própria aparência ou não ter pensamentos negativos a seu respeito. Gostar de si mesmo é compreender-se, conhecer-se.

 Se você só pensar em dieta e em como acha seu corpo inadequado, vai deixar muita coisa boa passar pela sua vida. Vai perder sensações maravilhosas que não dependem absolutamente nada da forma do seu corpo.

Eu encontrei o meu caminho quando me permiti procurar ajuda médica e fiz o tratamento para o meu transtorno alimentar.

Sei que você vai encontrar o seu caminho e se eu puder te ajudar, quero te dizer: comece hoje, mas comece devagar.

Não tente mudar tudo de uma só vez. Eu não conheço ninguém que, depois de anos de rejeição ao corpo, passou a se amar milagrosamente. A construção do amor-próprio, da autoaceitação e do respeito ao corpo é algo que acontece primeiro na nossa mente, no nosso coração, na nossa alma. De dentro para fora.

Você não tem motivos para ter vergonha do seu corpo.

Pegue o seu corpo de volta para você e trate ele com carinho, respeito e autocompaixão.

 

GENTA Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade

SUCESSO É SINÔNIMO DE FAMA?

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Por Manuela Capezzuto, nutricionista convidada

Sempre achei curioso o fato das gerações ganharem nomes. A minha é a geração Z, nascida no início ou meados dos anos 90. Esse grupo demográfico tem suas particularidades e uma das mais gritantes é o fato de ter nascido e crescido no mundo digital. Por ter fácil acesso à internet, então, também foi  apelidado de Geração Pontocom, Generation Tech, Gen Z e IGen.

A internet se deslocou para o nosso bolso e os aplicativos sociais passaram de simples comunicadores para indicativos de status social e de carreira profissional. Quem assiste à televisão, já percebeu que os entrevistados não são mais apresentados por seu trajeto acadêmico ou profissional, mas sim pelo número de seguidores no Facebook, Instagram, Snapchat, Youtube e Twitter. Será que devo colocar esse número no currículo será a nova tendência?

Pois bem, essa geração vem se inserindo no mercado de trabalho também com outra particularidade: o imediatismo. É de se esperar, pois o Google é nosso grande mestre, trazendo toda e qualquer informação instantaneamente. Nenhuma dúvida perdura, basta um clique para se ter a resposta. E qual o impacto disso no processo de criação da carreira profissional?

Bom, na nutrição clínica o caminho natural converge com o dos demais cursos de saúde; com especializações, algumas horas de prática clínica e atualização, para começar a ter uma rede sólida de pacientes. Esse percurso parece bastante óbvio, mas a Geração Z não está exatamente confortável com ele. Se não conseguimos esperar um Uber por cinco minutos sem checar o celular algumas (várias) vezes, que dirá anos para sermos profissionais reconhecidos. A consequência dessa ansiedade exacerbada pode vir de várias maneiras. Engajar-se em diversos cursos e pós-graduações é uma delas, já que não é mais admissível ter um tempo para elaborar qual caminho exatamente você quer seguir. Mente vazia, oficina do diabo.

Outro risco é o de se aventurar no mundo dos modismos alimentares, afinal, um prato de espaguete de couve-flor com um toque de óleo de coco, chia e sal do himalaia rende muito mais likes do que um clássico pê-efe de arroz, feijão e bife. E olha que eu não me lembro de ter aprendido na faculdade que alimento da moda é mais saudável do que nossa tradicional comida brasileira. Pelo jeito atentar-se ao básico e simplificar também parecem ser dificuldades da Geração Z.

É evidente que o mosquito da ansiedade não picou somente os jovens, mas me parece bastante doloroso o começo do caminho já ser inundado por essa sensação.  Em que momento perdemos a capacidade de caminhar nem tão calmos e nem tão depressa?

Para finalizar, deixo como reflexão a pergunta proposta no título, que me foi colocada na cerimônia de colação de grau da minha turma de nutrição. O parâmetro pessoal é o único que pode ser usado para medir o sucesso, já que a comparação pode ser bastante traiçoeira. Respeite seu tempo e percurso. O mundo é belo porque é vário!

 

GENTA Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade

 

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