Dieta é a solução?

Dieta é a solução?

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Por Marcela Salim Kotait, nutricionista

Hoje, pela enésima vez, fui “uma nutricionista anormal” (lembre-se do meu post clicando aqui), e, mais uma vez, foi delicioso.

O espanto da paciente quando percebeu que sairia da consulta sem nenhuma prescrição de dieta, e que, na verdade, a proposta era mais intensa que seguir um papelzinho ditador com contagem de calorias, foi misturado ao sentimento que ela sentia em, pela primeira numa consulta de Nutrição, realmente ser compreendida de uma maneira mais global e menos – ou melhor, em nada – julgadora e crítica.

A sensação de fracasso frente às dietas é algo comum, estima-se que 50 milhões de brasileiros façam dieta, mas apenas 2% destes conseguem manter o peso por mais de dois anos; e que 80% das pessoas que fazem dietas proteicas (aquelas sem pães, massas, arroz, bolos, biscoitos…) desiste em menos de três meses e recupera o peso que havia perdido… Além disso, fazer dietas moderadas aumenta em 5 vezes o risco de desenvolver um transtorno alimentar, e fazer dietas restritivas aumenta em 18 vezes esse risco.

Ser nutricionista reflete uma enorme responsabilidade em proteger nossos pacientes dessa realidade: hoje, apenas 2% das mulheres no mundo se acham bonitas. A insatisfação corporal, muitas vezes estimulada pelos mais variados meios de comunicação, desde televisão, filmes, redes sociais e conversas negativas sobre o corpo (ou fat talk, leia mais aqui) afoga crianças, jovens e adultos.

A perpetuação do hábito de fazer dieta é mantenedor desses comportamentos e crenças, e como nutricionista, me recuso a fazer parte dessa maneira arcaica de atuação.

Graças à experiência voltada a um modelo experimental de atuação, instrumentalizada com técnicas de terapia cognitiva comportamental, intuitive eating, mindful eating, comportamento alimentar, atitude alimentar (isso tudo sempre muito discutido nos posts aqui), entre outras, é possível abrir mão do papel de xerife da comida alheia e passar a ser um colaborador para mudanças comportamentais alimentares e de novas relações corporais.

Se você é nutricionista, te convido a repensar a maneira tradicional de atuar, e olhar o paciente como um ser único, que com suas particularidades pode atingir novas conquistas da melhor maneira para ele, fora da mesmice da dieta padronizada que fica guardada na gaveta.

 

GENTA Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade

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