Por Marle Alvarenga, nutricionista
As olimpíadas acabaram, mas os jogos paraolímpicos estão aí – embora fazendo menos barulho.
Entre as discussões interessantes que aconteceram além dos jogos em si, esteve a dos corpos dos atletas – mostrando a diversidade dependendo da modalidade esportiva. Há inclusive o link que compara seu corpo com o dos atletas1 – o mais parecido com meu deu de Elisabeth Mandaba, do atletismo da República Centro-Africana!
Há muitos corpos que podem ser definidos como atléticos2, mas também se discute o sacrifício e a busca pela perfeição corporal no esporte3. De qualquer forma, atletas gordos (gordos, não use eufemismos; gordo não é xingamento) nestas olimpíadas geraram polêmica, e como sempre defendemos aqui, sim, gordos podem ser saudáveis (veja aqui). O texto do Blog Azmina4 é bem interessante sobre o tema, e citam a campanha #QueroTreinarEmPaz em parceria com UOL e Think Olga, e que os fizeram receber vários depoimentos de mulheres gordas que são estigmatizadas e hostilizadas – com olhares maldosos, risinhos baixos, piadas na torcida – enquanto se exercitam. Até quando?
Mas claro este estigma e viés é alimentado pela nossa cultura lipofóbica e focada na magreza, mas também pelo discurso de saúde que insiste no lugar comum de que o excesso de peso é sempre a pior coisa5 – mesmo quando não há alteração de parâmetros bioquímicos, e quando há vida ativa. Atletas pesados podem ter mais lesões?5 E os demais não tem? Não são todos operados antes dos 30 anos? É o peso ou excesso de atividade física?
Saúde não depende apenas de um peso, a composição corporal importa, mas muito mais, importam os comportamentos: de atividade física e de alimentação.
Vale a pena pensar no esporte por seus valores, histórias de superação e não apenas por sua estética; da mesma forma pensar no corpo atlético de maneira não estereotipada. A saúde, força, superação e sucesso vem em vários tamanhos.
Fonte:
GENTA Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade