Gratidão

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Por Manoela Figueiredo, nutricionista

O III Simpósio Brasileiro de Nutrição Comportamental, realizado com o apoio científico do Genta, aconteceu nos dias 7 e 8 de outubro. A tarde de sábado foi dedicada ao Mindfulness e Mindful Eating, e nos dias seguintes tivemos com a palestrante internacional Andrea Lieberstein uma formação intensiva e prática sobre Mindfulness Based Eating Awareness (MB-EAT) – Programa de Consciência Alimentar Baseada em Atenção Plena.

Mindfulness nos ensina a conectar corpo, mente e emoções, no momento presente. Por mais que seja uma capacidade inata do ser humano, a atenção plena nem sempre é praticada no dia a dia. Por meio de uma atitude aberta e não julgadora conseguimos:

ü Reconhecer reações automáticas habituais
ü Responder com mais eficácia a situações complexas e difíceis
ü Ver as situações com mais clareza
ü Focar no momento presente
ü Sair do piloto automático

O Mindful Eating surgiu a partir do Mindfulness e nos ensina a estar atentos e conscientes a cada sensação da experiência com a comida, pois só por meio desse olhar interno conseguimos ser hábeis em acessar nossa fome e saciedade.

Infelizmente, passamos menos tempo fazendo nossas refeições do que na frente da televisão, computador ou celular. Na nutrição, estamos vivendo o desafio de encontrar novas alternativas para ajudar as pessoas a comerem melhor, ter mais saúde e estarem mais conscientes e plenas em suas escolhas. Sim, os problemas de saúde relacionados ao estilo de vida e alimentação não param de crescer e a ciência cada vez mais avança nos estudos do papel da conexão da mente e corpo no comportamento alimentar.

Mas por que será tão difícil para as pessoas mudarem seu comportamento? Quanto tempo se demora para mudar um hábito? O Mindfulness e o Mindful Eating possibilitam uma sintonia, uma sutileza, que nos torna cada vez mais atentos ao que nosso corpo nos diz.

Sim, as escolhas e a qualidade nutricional dos alimentos é essencial e contribui para nossa saúde, mas como comemos e o que sentimos quando comemos, também é muito importante. Por que será que apenas ter acesso e orientação sobre informação nutricional, calorias, prescrições dietéticas não é suficiente para as pessoas mudarem seus comportamentos?

Simplesmente porque só mudamos aquilo que nos faz sentido e que vivenciamos. Porque mudar um comportamento é um processo, e não um evento. Porque saber não é suficiente para fazer. Como mudar de forma permanente e não temporária? Um processo requer mais tolerância, mais aceitação, mais foco no dia a dia, mais conexão.

Não somos robôs ou computadores e, portanto, não deveríamos instalar uma nova dieta como se instala um novosoftware, somos pessoas, e devemos escolher também o que vamos comer. As pessoas precisam aprender a prestar atenção no que comem, no que sentem e no que observam acontecer com a comida nos seus corpos.

Nenhum nutricionista deve ser soberano em determinar a alguém como ela deve comer – nosso papel é orientar, ensinar, sugerir. Podemos ensinar as pessoas a sintonizar não só a fome e à saciedade mas à resposta da comida no seu corpo. Comer com atenção nos permite vivenciar suas qualidades e sentir prazer, mas também nos faz perceber como aquela refeição afeta nosso corpo físico.

Nós nutricionistas devemos ensinar aos nossos pacientes como balancear informação nutricional com autoanálise, incentivar que se apropriem e se sintam seguros de serem seus maiores experts. O comer com atenção plena não é direcionado por tabelas ou guias alimentares e sim pela própria experiência interna do indivíduo, que é única.

Quem come com atenção plena está atento ao sabor, a textura e ao processo do comer. Vive uma experiência que envolve todos os sentidos e todas as partes do ser – corpo, mente e coração.

Como sugere Thich Nhat Hanh, um monge budista vietnamita: ao comer uma cenoura, não coloque em sua boca nada além da cenoura, seus projetos, suas preocupações, seus medos, seus conhecimentos. Seu corpo e sua mente devem estar focados única e exclusivamente na experiência daquele momento, de sentir uma cenoura em sua boca, mastigá-la e senti-la percorrer o seu corpo, sem julgamentos, focando no aqui e no agora.

Tive o prazer de participar e compartilhar desse curso intensivo de MB-EAT com minhas parceiras do Genta e outras nutricionistas e psicólogas muito especiais. Foram 4 dias muito intensos, com muita teoria, mas acima de tudo de muita prática, auto conhecimento e novas descobertas. Para mim está claro que sim, é possível acreditar em uma nutrição diferente e que o Mindful Eating é uma das maneiras de colocá-la em prática.

 

Fonte:

GENTA Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares e Obesidade

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