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O que é atividade física para você?

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Tradução: “Onde estou indo? O que estou fazendo? Qual o sentido da vida?”

 Por Paula Costa Teixeira, profissional de educação física

Está claro o conceito do termo atividade física, porém, o que significa atividade física (AF) para você?

A depender da sua relação com o seu corpo e com a AF, essa resposta pode variar muito. Se você é um adulto que teve uma infância e/ou adolescência com várias oportunidades de experimentar diversas modalidades esportivas, amava participar das aulas de educação física e se sentia uma pessoa habilidosa nas atividades que envolviam grupo, provavelmente você tem uma resposta positiva a essa questão.

Por outro lado, se sua infância e/ou adolescência foi uma fase complicada, suas tentativas de praticar AF eram frustrantes, você fugia das aulas de educação física e de qualquer momento em grupo que envolvesse alguma habilidade motora que você não se sentia confiante em desempenhar, ou ainda, se você era excessivamente preocupado com o que os outros poderiam pensar sobre você, ou se sentia insatisfeito com seu corpo a ponto de ter vergonha, sua resposta à questão levantada com certeza será negativa.

Qualquer AF pode ser praticada de um jeito mais interessante e até mesmo se tornar um hábito na sua vida se você conseguir atribuir um significado prazeroso ou uma função. Por exemplo, se você gosta de nadar, mas não sabe por ter medo da água, você pode vencer esse desafio se comprometendo em aprender essa modalidade. O significado nesse caso é vencer um medo.

Se você sente muito prazer em correr porque além de ser um momento gostoso você percebe que é uma oportunidade de se organizar mentalmente, e se sente tão aliviado depois a ponto de relaxar, essa atividade tem um significado de reorganização mental, ou ainda, de liberação de tensões.

Mais um exemplo: se você semanalmente tem o compromisso de fazer uma tarefa doméstica na sua casa que você detesta, mas necessita fazer a fim de manter a organização do seu lar, você pode escolher ir “bufando”, desejando não ter que fazer isso, ou pensar que é uma oportunidade de cuidar do que é seu, que muitas pessoas não podem usufruir do que você tem, e até mesmo ver como uma oportunidade de movimentar o seu corpo. Talvez, a partir dessa mudança de significado, você possa dar um outro sentido para essa tarefa, que deixará de ser tão chata.

Porém, como tudo na vida, existe o outro lado da moeda.

Tive um relato de um paciente com transtorno alimentar que o momento de AF para ele era uma obrigação na vida. Isso porque, se ele não praticasse por qualquer motivo, ele sofria muito a ponto de se sentir horrível por acreditar que seus músculos estavam deteriorando.

Um outro relato de uma paciente também com TA: ela me disse que AF era um tormento na vida dela porque sua pratica era exclusivamente com objetivo de emagrecer. Por isso, era um momento diário obrigatório em sua vida.

Como mudar o significado da AF para essas pessoas?

Quando olhamos pessoas praticando AF, em geral julgamos que estão cuidando da saúde. E é exatamente esse o problema: julgar. Nós, profissionais da saúde, ao invés de julgar aparências e acreditar que somos sabedores do que é certo ou errado, precisamos escutar a história de vida de quem busca um auxílio sem julgá-lo, ajudá-lo a melhorar a relação com ele mesmo, com seu corpo e com as suas crenças. O profissional de saúde deve respeitar a história do indivíduo, incentivá-lo a refletir sobre as consequências das suas escolhas, auxiliá-lo a descobrir a sua real motivação para suas ações, e principalmente, escutá-lo livre de julgamentos e pré-conceitos.

Fonte: Blog – GENTA – Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

Be Present, Be Calm , Be Grateful = Mindfulness exercise

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Por Paula Costa Teixeira, profissional de educação física

Sim, para algumas pessoas é muito difícil se engajar regularmente em uma atividade física. E já abordei esse assunto em outros posts. E o que me faz convidar o leitor novamente a refletir sobre isso é um estudo holandês publicado em janeiro de 2015.

Foram recrutados 398 holandeses (49% homens e média de idade total de 41 anos) regularmente ativos, que responderam questionários sobre seus sentimentos, atenção e consciência durante a prática de atividade física. Aqueles que apresentaram maior satisfação com o exercício foram os que relataram praticar mais. Apesar de suas limitações, o estudo destaca o quão importante é “estar presente” ao praticar uma atividade física, ou seja, a presença ser de mente e corpo. Está cada vez mais comum ver pessoas se exercitando com a atenção voltada para todas outras coisas externas, e pouco atentas ao que o corpo executa.

Somente é possível enxergar os famosos benefícios da atividade física se existir prática regular, ou seja, se for adquirido o hábito de se exercitar. No entanto, muitos vão buscar uma atividade impulsionados pela obrigação, por motivos estéticos, ou ainda, única e exclusivamente para o controle de peso corporal.

Infelizmente, a transformação dessa obrigação num hábito se torna uma tarefa extremamente árdua, difícil e nada agradável. Às vezes, após um tempo, algumas pessoas até conseguem se conformar em se exercitar assim. Mas a maioria ainda é composta pelas pessoas que se empolgam no primeiro mês e depois desistem.

O artigo também destaca alguns dos principais achados sobre como não desistir de praticar uma atividade física. O segredo é muito simples: basta associar prazer + movimento consciente. Quando você consegue identificar qual atividade física desperta no seu corpo sensações de satisfação, prazer, alegria, bem-estar, ela passa a ter um significado na sua vida. E além disso, quando você consegue dedicar atenção ao que o seu corpo está fazendo, ao movimento que está sendo gerado, à energia que está circulando no seu corpo, perceber as sensações produzidas pelo seu corpo no momento da atividade, enfim…. Gostar e estar totalmente envolvido no que está sendo praticado pelo corpo aumentam as chances de estimular sensações positivas, prazerosas e, consequentemente, as chances de querer praticar de novo.

O conceito de atenção plena, que na língua inglesa é difundido como mindfulness, já foi assunto aqui do blog segmentado para alimentação (mindful eating). E esse conceito vem ganhando força na área da atividade física também. Modalidades como ioga, tai chi, aikido são exemplos de mindful exercise, por combinar exercícios que envolvem concentração, foco, meditação, respiração e movimentos corporais. Entretanto, qualquer atividade física pode se tornar mindful: caminhadas, corridas, danças, lutas. O entusiasmo é maior quando o corpo se movimenta porque gosta e não por obrigação.

Referência do estudo:

Tsafou KE, De Ridder DT, van Ee R, Lacroix JP. Mindfulness and satisfaction in physical activity: a cross-sectional study in the Dutch population. J Health Psychol. 2015; 1-11.

Fonte: GENTA – Grupo Especializado em Nutrição