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Detox

detox mental

 

Por Ana Carolina Pereira Costa, nutricionista

Apesar de já não ser mais a “última moda” nutricional, ainda escuto alguns pacientes e profissionais falarem de “dietadetox”. O nome é inadequado por si só, já que nosso corpo (especialmente nosso fígado) é plenamente capaz de destruir e de se livrar das substâncias nocivas ao nosso corpo, sem precisar de um alimento x ou y ou mesmo de um dia à base de líquidos para tal.

O que eu proponho nesse post não é mais uma sugestão de “dieta detox”, e sim um “detox mental”. Sugiro que cada um de nós possa refletir sobre as questões abaixo:

  • Quanto tempo do seu dia você reserva/prioriza para si mesmo? Você sequer tem tempo para cuidar de si mesmo todos os dias, nem que seja meia hora?
  • Quanto tempo você gasta ao dia com situações que “roubam” energia e dificultam o cumprimento das suas obrigações diárias? Ex: quantas vezes ao dia você checa suas redes sociais? Quanto tempo gasta com isso diariamente?
  • Você tem dado atenção a todas as áreas envolvidas em seu autocuidado: físico (dormir o suficiente, comer frutas e vegetais todos os dias, beber água suficiente, ter roupas confortáveis e que te agradem, fazer uma atividade física prazerosa, receber massagens); espiritual (exercitar sua espiritualidade, fazer parte de uma comunidade espiritual/religiosa, se engajar em um trabalho voluntário); psicológico (cultivar amizades, fazer terapia, ler textos inspiradores, brincar com animais e/ou crianças, escrever um diário, cultivar um hobbie, exercitar a gratidão e o positivismo, comunicar-se de forma assertiva)?
  • Você já pensou o quanto um autocuidado deficiente pode impactar na sua relação com a comida? Será que você não está buscando o alimento como única fonte de prazer na vida ou como mecanismo de enfrentamento de emoções?

Ou seja: em que áreas da sua vida você precisa de um detox?

Boa semana a todos!

Fonte: GENTA – Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

Dietas funcionam?

querida dieta

Por Alessandra Fabbri, nutricionista

Mais uma vez estou aqui para falar sobre um tema conhecido no nosso blog: dietas. E por incrível que pareça este assunto é inesgotável! Sempre há uma “nova dieta” lançada no mercado, mesmo que este lançamento seja uma antiga dieta, “repaginada”. Atualmente o mais novo sucesso de vendas nas livrarias é uma dieta que restringe o consumo de carboidratos (quanta novidade!). Não distante das outras dietas de emagrecimento, esta também promete perda de peso rápida. Mas acredito que a pergunta que deve ser feita aqui é a seguinte: estas dietas para perda de peso realmente funcionam?

Acho que neste momento, cabe uma reflexão: “O que significa funcionar?”. Se funcionar significa perder peso no momento em que se faz a dieta, única e exclusivamente, ok; tenho que concordar que sob esta visão simplista, as dietas de emagrecimento funcionam. Mas se considerarmos que, logo que terminada a dieta há normalmente reganho de peso, e ainda consequências metabólicas e físicas importantes para o organismo, eu não chamaria isso de funcionar.

Muitas vezes, todo o peso perdido é recuperado quando se interrompe a dieta. Estudos mostram que até 95% das pessoas que perdem peso indevidamente o recuperam em até 5 anos (1,2,3). Sabe-se também que a prática de dietas pode levar ao desenvolvimento de transtornos alimentares (TA). Dietas moderadas podem aumentar em até 5 vezes e dietas restritivas em até 18 vezes o risco do desenvolvimento de um TA.

Vale ressaltar os riscos que as dietas de emagrecimento podem gerar à saúde como: anemia, deficiência de vitaminas e minerais, sensação de cansaço, dores de cabeça, tonturas, desmaios e em casos mais graves complicações renais e hepáticas. Além disso, as dietas pobres em carboidratos costumam promover uma maior perda de massa muscular do que gordura corporal.

E sim, por maior que seja a sua força de vontade, normalmente a dieta tem um começo, um meio e um fim (aliás, eu deixaria sua força de vontade bem longe disso!). Dietas restritivas são difíceis de serem mantidas por um longo período, não só pelos motivos biológicos causados pela deficiência de algum grupo alimentar (como já comentei acima), mas também pelos aspectos emocionais e socioculturais que envolvem a nossa alimentação.

Aqui acho válida uma nova reflexão: quando uma pessoa compra um carro e ele não funciona, ela reclama seus direitos com a montadora do carro, certo? Quando uma pessoa faz uma dieta e ela não resolve os seus problemas de peso e alimentação, a pessoa continua acreditando na dieta e acha que o problema é com ela mesma, acredita que ela não teve disciplina e força de vontade suficiente. Resultado: ela tenta uma nova dieta. Mas será que isso é verdade? Será que o problema está com a pessoa que não seguiu a dieta corretamente, ou será que são as dietas de emagrecimento que efetivamente não funcionam? Pense nisso, quando você decidir experimentar a próxima dieta.

Referências:

1. Kausman R, Murphy M, O’Connor T, Schattner P. Audit of a behaviour modification program for weight management. Aust Fam Physician. 2003 Jan-Feb;32(1-2):89-91.
2. Wooley SC, Garner DM. Obesity treatment: the high cost of false hope. J Am Diet Assoc. 1991 Oct;91(10):1248-51.
3. Wooley SC, Garner DM. Dietary treatments for obesity are ineffective. BMJ. 1994 Sep 10;309(6955):655-6.

Leia mais sobre o assunto:

Tribole E, Resch E. Intuitive Eating. 3rd ed. New York: St. Martin´s Griffin. 2012.

Fonte: Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares