Arquivo da tag: erika romano

O significado dos alimentos

Doces_carinha

Por Érika Romano, nutricionista

Outro dia me questionei: em todos esses anos de consultório, nunca uma paciente me disse que tinha sonhado com uma salada divina de folhas frescas e legumes tenros. E me pergunto: por que não? Tem coisa mais gostosa que num dia ensolarado começar suas refeições com todas as cores e frescor de uma salada? As gotas frescas de água envolvendo o alimento reluzente ao brilho do azeite extra virgem usado para o tempero… Isso sim parece sonho. Mas os sonhos vem travestidos de pesadelos, recheados de chocolates irresistivelmente malvados lutando bravamente contra sua força de vontade, o raivoso brigadeiro chutando sua negação e teimando em invadir sua boca sedenta por aquele sabor proibido… E o bombom, bonzinho ,consolando a sua dor. Comida? Sentimento? Qual o significado dos alimentos para você?

O doce pode ser amargo, e o arrepio da alma não vem do azedo. O que determina a sua fome? É biológico? Cultural? “Você tem fome de que?” Há quanto tempo você esta desconectado com o que você come? Você come o que quer? Sabe o que quer? Ou come o que a moda manda? Seus conceitos são baseados em que? Você sabia que o seu comportamento alimentar envolve ações e condutas alimentares regidas por seus pensamentos e afetos? Então como você escolhe o que come?

Questione-se.

Conhecer-se é um processo, que deve ser guiado pela ciência, pensando nas ações, condutas e afeto que envolvem a sua alimentação. É fundamental para começar a compreensão do que você quer apropriar-se de si mesmo. Assim, talvez no sonho você encontre o que realmente gosta, e não um exército de alimentos erroneamente proibidos pronto para acabar com a sua boa forma fisica, mantida às custas de uma árdua escravidão nas dietas.

Fonte: Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares

Fome de cuidado

Fome do cuidado

Por Erika Romano, nutricionista

Na semana passada, subindo as escadas rolantes de um shopping center, deparei-me com uma criança, cuja face entediada e com um pingo de revolta, indagava para a mãe “pão de queijo na janta de novo não!!”. E automaticamente, com pensamento longe, a mãe respondeu: “ Vamos”?

Como mãe senti uma distância profunda, como nutricionista um grito de tédio e desespero. Aquela imagem rendeu, aos meus pensamentos, o resto do dia de reflexões. Então, resolvi dividir com vocês. Uma cena simples, mas com contexto bastante delicado. Irritou-me um pouco o rosto da mãe, como se comer fosse tão prático como trocar de roupa. É claro que nas confusões do nosso dia a dia, necessitamos sim de uma alimentação mais prática, mas isso não quer dizer falta total de programação. Um dia ou outro, fazer um lanchinho rápido e até o delicioso pão de queijo, por que não? Mas todo dia, ninguém merece. É preciso enxergar a grandiosidade de um cuidado alimentar. O carinho que pode ser passado pela comida, o aconchego e a história de cada pessoa degustada com o amor de um prato. Num mundo onde a comida muitas vezes entra como vilã, usar parte do tempo para prepará-la virou artigo de luxo. Certo dia, em meu consultório, ouvi de uma paciente já adulta – com sérios problemas alimentares – uma frase que gelou-me a alma: “a minha mãe nunca teve cuidado comigo, nunca me fez uma lancheira. Tudo era sempre prático e pronto. Nada feito, nada elaborado. Nenhum minuto perdido para mim”. Hoje, mãe e filha mal se falam. Uma mulher com fome de amor. Fome de cuidado. Fome de carinho. Até quando vamos deixar de alimentar nossa essência?

Pense nisso, e tenha um ótimo lanche da tarde com um pão de queijo quentinho saindo de seu forno e um jantar maravilhoso sentado na mesa de sua casa com todo o amor de sua família. Até a próxima!

A importância da refeição feita em família

IMG_9018Por Erika Romano, nutricionista

Você se lembra de uma comida que marcou sua infância? Que te lembra brincadeiras em família, boas tardes com irmãos, primos ou amigos? O aroma do bolo de fubá das tardes na casa da avó? O que seus filhos vão comer hoje, ou melhor, o que eles vão ter para contar em relação às “comidas da infância”? Realmente não temos nenhuma dúvida da importância da boa alimentação na rotina de nossos filhos, mas com a correria do dia a dia fica cada vez mais difícil conseguir dar conta deste recado… A família tem um importante papel na educação alimentar das crianças e adolescentes, e diante tantos riscos nutricionais e emocionais, torna-se importante esclarecer alguns pontos que fazem diferença na formação do hábito alimentar.

A importância das refeições em família está no fato de que os hábitos alimentares adquiridos na infância persistem na vida adulta, e essas refeições representam a união e a base interativa da família. Há estudos mostrando uma relação inversa entre o consumo de refeições em família e comportamentos inadequados dos jovens, além destes considerarem suas famílias mais conflituosas e menos afetivas. Ou seja, comer em família transmite segurança, educação nutricional e passa para a criança referências alimentares. O que você faz da sua alimentação tem uma interferência direta no seu filho. Se ele não tem referência junto com o afeto na hora da refeição, como crescer?

Ajude seu filho a criar momentos agradáveis nessa hora, e pequenos cuidados como preparar a lancheira juntos podem ser bastante interessantes. Ao montar uma lancheira apenas com alimentos prontos, comprados no mercado, os pais perdem a oportunidade de mostrar aos seus filhos cuidado e carinho na elaboração de seu lanche. E quer coisa mais gostosa do que comer alguma coisa que você viu que foi feita para você com amor e carinho? Na hora do lanche, a criança sente a mãe por perto, domina seu coração com o afeto do cuidado, e come aquele lanche que preenche sua fome como se preenchesse sua essência com a presença da mãe. É a fome da alma. Atualmente, as famílias não fazem as refeições juntas, não param e se sentam para conversar e sentir prazer associado à comida. As crianças estão sem exemplos, e muitas vezes fazem refeições totalmente desprovidas de afeto, comem pelo simples fato de precisarem da comida do ponto de vista nutricional, e a alimentação está longe de ser apenas nutricional… As crianças de hoje tristemente tem crescido sem essa história.

O efeito positivo da presença dos pais na refeição dos filhos não é só emocional, mas também educativo. Sentados à mesa, pai e mãe podem orientar e dar exemplos sobre o consumo de alimentos saudáveis, valorizando estes momentos e fixando os hábitos para a vida adulta e mais feliz ! Invista em sua família!

PARTICIPE DESSA BRINCADEIRA! CAMPANHA: UMA REFEIÇÃO AO DIA EM FAMÍLIA!