Quero mas não devo

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Por Priscila Koritar, nutricionista

Recentemente a amiga de uma amiga nutri viajou para o Chile e compartilhou a foto da embalagem de um doce comercializado no país. Junto com a foto veio a declaração de que diante de tais informações não teve coragem (apesar de muita vontade) de comer o doce.

Confesso que me assustei um pouco com a embalagem e fiquei pensativa sobre o efeito dela sobre as pessoas. Comecei a pensar no discurso de alimentação saudável que temos construído e passado para a população como nutricionistas e profissionais da saúde (uma vez que as embalagens dos produtos refletem as políticas que temos criado como profissionais), fiquei pensando na dificuldade das pessoas de escolher o que comer (a falta de tempo, de habilidades culinárias, de recursos financeiros, de todo o processo da compra ao preparo, etc.) e em como as escolhas alimentares têm se tornado ainda mais complexas (devido à força e à sedução da indústria, às dificuldades dos pequenos produtores, à influência da mídia que molda nossa preocupação com a saúde, às nossas preferências estéticas e que tem resultado cada vez mais em culpa e medo ao comer).

Sabe–se que o conhecimento nutricional é considerado um determinante de escolhas alimentares, pois uma parcela dos indivíduos tem suas escolhas influenciadas por esse conhecimento; entretanto, a linha entre o que pode ser benéfico para algumas pessoas e o que pode ser deletério devido ao sofrimento, medo e culpa associados ao comer é tênue, tornando para muitas pessoas o prazer em comer cada vez mais incompatível com uma alimentação saudável.

Permanece, para nós nutricionistas e profissionais da saúde nas mais diversas áreas de atuação, o desafio de tornar possível uma alimentação saudável prazerosa, de comida ser mais que nutrientes, de informar sem assustar, de manter a liberdade de escolha sem culpabilizar e de fazer política sem coibir.

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