Por Ester Soares, Nutricionista
“A boa culinária não é para os fracos de coração. É para mentes criativas, corações fortes. As coisas até podem dar errado. Mas não deve deixar ninguém definir seus limites a partir de sua origem. O único limite é a sua alma. O que eu digo é verdade, qualquer um pode cozinhar. Mas só os que tem coragem, sempre se destacam.” (Ratatouille, 2007)
A primeira mensagem que o filme Ratatouille passa é: qualquer um pode cozinhar! Mas…
Lembremos que o personagem principal é o rato Remy. Um ser que definitivamente não é bem vindo dentro de uma cozinha.
Além de excelente fonte de inspiração, o filme é uma ode a perseverança e criatividade. E retrata de maneira lúdica e muito sensível o quanto o preconceito pode ser suplantado. Meu food movie favorito!
Recentemente li um texto sobre um trabalho com culinária surgindo como estratégia inovadora para desenvolvimento de habilidades para a vida. Estamos falando de cuidados na saúde.
O texto retratava a experiência do departamento de nutrição de Harvard em uma intervenção que oferecia oficinas culinárias, educação nutricional, promoção de atividade física e treinamento de atenção plena para investigar a melhora de saúde e bem estar.
Adoro culinária e as possibilidades que posso oferecer aos meus pacientes neste setting.
Na minha prática clínica, dentro do trabalho em saúde mental, tenho observado o quanto as oficinas culinárias colaboram no desenvolvimento das habilidades sociais, o lidar com as emoções, minimizando ansiedades e frustrações, resgatando lembranças, além de estimular o contato , a criatividade ,a autoestima e auxiliar na promoção de projetos futuros.
A culinária me permite um diálogo maior com o paciente e um exercício de convivência.Trata-se de uma dinâmica inclusiva e um espaço altamente produtivo.
A oficina culinária surge como ferramenta realmente inovadora na abordagem da saúde mental. Trata-se de uma prática integrativa, construída junto ao paciente, como parte de um projeto terapêutico maior que contribua e enriqueça de modo contínuo sua relação com o mundo. Um convite e oportunidade para repensar a minha formação profissional utilizando os conceitos da nutrição comportamental. Unindo nutrição, sabores , temperos e os dessabores da vida!
Leia mais:
- Eisenberg, D.M., Righter, A.C., Matthews, B., Zhang, W., Willett, W.C, Massa, J. Feasibility Pilot Study of a Teaching Kitchen and Self-Care Curriculum in a Workplace Setting. Am J Lifestyle Med. 2017, May 23. First Published Online. DOI: 10.1177/1559827617709757.
- https://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/2017/05/23/more-than-cooking-teaching-kitchens-as-learning-labs-for-life-skills
- Winnicott, D.W.(1975). O brincar e a realidade. Rio de Janeiro, Imago