Você é o que você posta (?)

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Por Fernanda Timerman, nutricionista

Há muito tempo eu vi esse vídeo, lembro de ter sentido angústia. É uma caricatura da realidade atual, da nossa estranha relação e dependência em mostrar, colocar filtro, postar, compartilhar, ganhar likes e visualizações, e como essa relação com a mídia tem nos feito reféns de um conceito de mundo idealizado e dos vazios existenciais por trás dele.

Recentemente, uma pessoa muito querida me presenteou com um artigo da revista Psicologia & Sociedade chamado: “As mil saúdes: para aquém e além da saúde vigente” (Coelho e Fonseca, 2007). Alguns trechos elucidaram e aprofundaram essa questão de uma forma muito interessante e que me levaram à contextualizar essa questão de uma maneira muito mais ampla:

“Na atualidade, o conceito de vida transformou-se, ganhando correlação com inteligência, bem estar, saúde e afeto… O que significa dizer que dimensionamos a saúde em um certo estilo de vida. Trata-se, portanto, de um poder que rege e regulamenta a existência. Controlam-se as diferentes formas de vida e formas do viver, homogeneizando-as em padrões subjetivos e estéticos ao sabor do Capital…..passamos por um período inédito na história, no sentido de que o capital conseguiu alcançar o que havia de mais intenso e íntimo no homem, a saber seu inconsciente, seus desejos, seu potencial de criação. Hoje somos sutilmente envolvidos por uma rede que controla nossa forma de viver, trabalhar, pensar, amar. A perspectiva chegou num tal ponto refinado que já não sabemos se realmente queremos algo ou se somos impelidos a querê-lo.”
“Neste cenário, o corpo é o principal alvo de preocupações. Funciona como uma marca identitária, tendendo a expressar um único eu, como se este fosse exclusivo a cada um e sem ligação nenhuma com o campo social. Pode-se batizá-lo de “corpo fechado”, já que tende a minorizar a força intensiva das experiências que a relação com o mundo produz. Mas, como diria Arnaldo Antunes, “o corpo tem alguém como recheio.”
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